sexta-feira, 16 de maio de 2014

COMENDO EM NOVA YORK – Parte 1/4

Nova York é uma cidade que estimula todos os nossos sentidos! Mas, como não poderia deixar de ser, irei tratar da instigação que esta metrópole proporciona ao paladar humano. Afinal, basta dar um “rolezinho” por Manhattan para nos depararmos com milhares de lojas que comercializam os mais diversos tipos de guloseimas e lanchonetes que produzem hambúrgueres, cachorros-quentes e milk-shakes de dar água na boca. Além disso, encontramos food trucks espalhados pelos quatro cantos da ilha e restaurantes de todas as culinárias imagináveis.
Numa série de posts, que tem início com este, irei contar para vocês um pouco sobre a minha experiência gastronômica na Big Apple.
Para começar, vou falar sobre os restaurantes “Red Rooster” e “Spice Market”. O primeiro, que serve comida americana com toques sueco e africano, fica no Harlem e é comandado pelo Chef celebridade Marcus Samuelsson. O segundo fica no Meatpacking District, próximo ao Chelsea Market, e oferece a culinária do sudeste asiático.

RED ROOSTER


Embora atualmente não me reste tempo suficiente para ser dedicado aos prazeres da leitura, adoro passear por livrarias, procurando me manter por dentro das novidades do mundo literário. E foi num desses passeios que me deparei com o livro autobiográfico, “Pois não, Chef – Memórias”, do Chef Marcus Samuelsson. A vontade de lê-lo foi instantânea, afinal, trata-se de uma história de muito trabalho, dedicação e, acima de tudo, superação.    
Aos 2 anos, sua família sofreu um surto de tuberculose na Etiópia, seu país de origem. Sua mãe não resistiu à doença, deixando ele e sua irmã órfãos. Um ano depois, foram adotados por um casal sueco. Criado na Suécia, a paixão de Marcus pela gastronomia foi despertada por sua avó materna, chamada Helga, com quem o Chef teve suas primeiras lições.  
Após preparar o primeiro jantar oficial oferecido pelo Presidente Barack Obama e se sagrar vencedor da segunda temporada do programa “Top Chef Masters” (em que competem entre si Chefs de cozinha já consagrados), Marcus Samuelsson virou um Chef celebridade e abriu o restaurante Red Rooster.
Com viagem marcada para Nova York, decidi que iria conhecer esse “Galo Vermelho”. Através do site “Open Table”, para o qual fui direcionada através do site do restaurante, fiz a reserva para o almoço do dia 07 de maio de 2014, com 30 dias de antecedência (prazo máximo aceito pelo site).
A decoração do estabelecimento é bem autêntica, incluindo uma fotografia da Primeira Dama, Michelle Obama. Há mesas na calçada e um grande bar na entrada. Por trás do bar ficam as mesas e, ao fundo, a movimentada e organizada cozinha se exibe para os clientes. No subsolo, acontecem apresentações de Jazz, mas não fui até lá.



Do cardápio de drinks, gostei da Piña Colada, que tinha morango na sua composição. Eu não gosto de abacaxi e dificilmente tomo Piña Colada, mas queria provar o rum e o leite de coco com os morangos. Perguntei, esperando uma resposta negativa, se poderiam preparar o drink sem o suco de abacaxi (mas onde já se ouviu falar em Piña Colada sem suco de abacaxi? Rsrsrs). Para minha surpresa, sim, podiam. E essa foi a minha pedida.


A simpática garçonete nos entregou dois cardápios, um normal e outro que oferecia uma espécie de menu degustação ao preço de $ 25 (vinte e cinco dólares) por pessoa (“Harlem Prix Fixe Menu”), com algumas alternativas de entrada, prato principal e sobremesa. Aprovadas as opções, decidi conhecer o menu com preço fixo.
Por ser uma especialidade da casa, ainda que não fizesse parte da degustação escolhida, pedimos uma porção do pão de milho, que parece, na verdade, um bolo de milho. Macio e saboroso! Veio acompanhado de manteiga e molho de tomate, o que, num primeiro momento, soou muito estranho. Bolo de milho com molho de tomate?!?! Pasmem: a combinação ficou divina!


No menu degustação, as opções de entrada eram: “Spring Salad” ou “Carrot Ginger Soup”. Escolhi a sopa de cenoura, que vinha com um pesto de menta no centro e cogumelos. Embora não estivesse bem quentinha, a mistura de cenoura, gengibre e menta se revelou uma alquimia perfeita.


Três alternativas de prato principal: “Helga’s Meatballs”, “Applewood Smoked Salmon” e “Mac & Greens”. Fiquei com a última, uma releitura do famoso “Mac & Cheese”, preparada com queijo gouda defumado, cheddar, cebola caramelada e longos pedaços de cebolinha. Pagando $ 5,00 a mais, acrescentaram maple bacon. Por $ 8,00, acrescentariam lagosta. Mas achei que o bacon adocicado combinaria mais. Com uma apresentação de encher os olhos, a massa gratinada agradou ao meu paladar.


Na hora da sobremesa, uma única opção: “Red Rooster Doughnuts”. Os doughnuts mais pareciam sonhos do que as conhecidas rosquinhas americanas. Polvilhados de açúcar e canela, foram servidos em cima de um creme de batata doce.


No final, perguntei a garçonete se o Chef estava na casa. Eu havia levado o meu livro até lá e seria decepcionante trazê-lo de volta sem um autógrafo. Simpático, Marcus, que não estava na cozinha, veio até a nossa mesa, nos cumprimentou, falou que está ansioso pelo Copa do Mundo no Brasil, assinou o meu livro e tirou foto comigo.


O restaurante tem uma ambientação bem agradável e um cardápio clássico, com um toque ousado. Se estiver nos seus planos passear pelo Harlem, não deixe de fazer uma reserva e ir almoçar ou jantar no Red Rooster.
Dica: se não tiver reserva, tente almoçar por volta das 14:00 horas, quando as coisas começam a ficar mais tranquilas e, se for necessário esperar, não será por muito tempo.  

SPICE MARKET
Eu, sinceramente, ainda não sei o que falar sobre este restaurante. Quando paro para analisar a experiência que tivemos, não sei fico decepcionada por ter perdido uma noite em Nova York para ir até lá ou se fico triste por não ter escolhido os pratos certos. O restaurante é bem conceituado e concorrido, por isso, é difícil acreditar que nosso jantar tenha sido, simplesmente, um desastre.
Da mesma forma que ocorreu com o Red Rooster, fiz a reserva pelo site “Open Table”, com um mês de antecedência. Quando chegamos lá, o bar estava cheio de pessoas aguardando, mas a nossa mesa já estava pronta e à nossa espera.
OBS.: Meu cunhado me contou que, na hora do almoço, é mais tranquilo de conseguir lugar sem precisar de agendamento.
O ambiente é exótico, intimista e muito bonito, com uma decoração ao estilo praiano da Tailândia. Só poderia ser um pouquinho mais iluminado, pois, para olhar o cardápio, precisamos utilizar as lanternas disponíveis em nossos celulares.


No menu de drinks, a “Ginger Margarita” (mistura de tequila, gengibre, sal de gengibre e limão) chamou a minha atenção. Coquetel refrescante, com uma pitada de limão e o gosto marcante do gengibre.


Voluntariamente, eles serviram um bowl repleto de “nachos” (ou seriam “chips”?), que pareciam, na verdade, pururuca com um gosto sutil de peixe ao invés do sabor do bacon. Para “chuchar”, acompanhava um dip de chilli. Nada de mais!


De entradinha, pedimos duas porções: “Shrimp Tod Mon Pla Cucumber Peanut Relish” e “Vietnamese Spring Roll Lettuce and Herbs”. Os rolinhos, com massa crocante e mais carne do que legumes no recheio, estavam levemente picantes. Já os bolinhos de camarão, por sua vez, estavam extremamente hot. O que foi uma pena, pois pareciam ser muito gostosos. Enquanto eu e minha mãe sentíamos as especiarias queimarem nossas bocas (minha mãe nem conseguiu terminar o bolinho dela), o Daniel sentia apenas o gosto do coentro (sim, ele é sensível ao coentro!).



Com as papilas gustativas em chamas, optei pelo “BBQ Atlantic Salmon Pickled Vegetables, Calamansi Sticky Rice” como prato principal, pois imaginei que um salmão com molho barbecue não seria apimentado. Ledo engano! Eu só era capaz de comer o salmão se tirasse o molho. O arroz, por sua vez, parecia uma gelatina gosmenta (o Daniel até brincou, dizendo que se jogássemos o arroz no teto, ele grudaria e não sairia mais de lá).


Adivinhem como estava o frango escolhido pelo meu pai? Picante! O Daniel pediu uma costelinha acompanhada de noodles que era um pouquinho menos apimentada.
Depois de comermos pimenta acompanhada de camarão, salmão, frango e costelinha, nem nos demos ao trabalho de olhar as opções de sobremesa, pois não queríamos correr o risco de comer mais um pouco da especiaria hot.
É sério, eu fico me questionando o que pode ter acontecido. Será que o Chef errou a mão? Minha irmã, cunhado, tios e primos foram lá em janeiro e adoraram. E minhas irmã e prima, assim como eu, não suportam comida picante. Enfim... a única coisa boa foi que rimos horrores com a nossa experiência frustrante.
Se você me perguntar, eu não digo que vá ou não vá. Pois, assim como eu, você pode ter uma péssima refeição ou, assim como os meus parentes, um momento agradável, degustando uma comida diferente.
Sinceramente, não afirmo que não voltaria! Adoro restaurantes e acredito sempre numa segunda chance. Mas, só voltaria, se fosse na hora do almoço e na companhia do meu cunhado Marcelo. Pois foi ele quem me indicou, baseado em dois excelentes almoços que saboreou. Quem sabe com ele por perto, para auxiliar na escolha dos quitutes, eu mude minha opinião...  

INFORMAÇÕES:
Red Rooster
Endereço: 310 Lenox Avenue, Harlem, NY 10027.

Spice Market
Endereço: 403 West 13th Street, New York, NY 10014.


Para acompanhar toda a série “Comendo em Nova York”, segue abaixo a lista de todos os posts:
1) COMENDO EM NOVA YORK – Parte 1/4 (esse post);






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